Califórnia, sinônimo de sol e mar, glamour e riqueza, das dondocas de Bervely Hills aos latinos de Costa Mesa, lar do cinema, artes e música. Não há como duvidar que aqui é a terra da guitarra.
Eu me
estabeleci por estas bandas do Pacífico por alguns meses, seguindo pequenas
propostas de trabalho, mas também de coração aberto para o que der e vier. Já
no meu voo de vinda, como não se pode duvidar que aqui é a meca da guitarra,
encontrei na sala de embarque o mestre dos mestres da guitarra country: Albert
Lee. O pouco que estudei de country em minha vida foi com suas videoaulas e
métodos. Fãs do estilo sabem de quem estou falando. Só reparei em sua presença
quando ouvi o chamado ao balcão da companhia aérea: “Mister Lee!”. Então, vi
aquele senhor de cabelos de algodão, com dois (!?) celulares Nokia na mão
(aqueles da época que celular não quebrava e a bateria durava mais de um dia),
dirigir-se para resolver suas pendengas burocráticas de check-in. Sensacional!
Percebi que estava indo para o lugar certo...
Apesar
de ter caído muito na estrada nessa vida quarentenária, viajar para ficar por
algum tempo em outro lugar sempre tem uma conotação diferente. Minha identidade
como músico e artista e minha relação com a música é colocada em movimento. Um
novo ambiente sempre traz alternativas, expectativas, sonhos e, claro, dúvidas
e intimidações. Reavalia sua relação com a música e tudo o que foi feito
anteriormente. Testa ao limite o que é possível mudar ou não. Não existe o preestabelecido
ou a imagem e expectativas que outros têm. É o talento e posicionamento como
profissional, e nada mais, que será a base êxito, esquecendo minha próprias
limitações e expandindo a imagem que tenho de mim mesmo. É a energia livre do
recomeço e quase como uma liberdade do pseudônimo, que tanto já foi usado por
pintores japoneses de séculos passados, Fernando Pessoa ou jornalistas na época
ditadura.
Seja
qual for o novo ambiente – um país, um colégio, uma cidade –, ele o colocará à
prova, reavaliará sua relação com a arte, seus pontos fortes e fracos. Afinal,
não podemos seguir a vida jogando o mesmo jogo, caso contrário, ela se torna
amorfa e insossa. É engraçado e ao mesmo tempo empolgante ter como vizinhos
alguns dos meus heróis de adolescência e descobrir que estamos todos no mesmo
barco – sair para uma conversa ou encontrar alguém no posto da gasolina.
Amanhã
sigo para uma gravação na terra dos estúdios Burbank, ao lado de Hollywood,
para uma faixa em um projeto junto com Billy Sheehan e Derek Sherinian (ex-
Dream Theater), gravado pela lenda da produção Tom Fletcher (Bon Jovi, Toto,
entre outros).
Temos sempre de acreditar na essência de nós mesmos, no que temos de melhor como sustento da nossa personalidade, e saber o que é flexível em nós mesmos para nos adequarmos às diferentes realidades que nos propusermos ao longo da vida. Qual será o seu próximo passo?
8 comentários:
Boa... Interessante ver como mesmo depois de muito tempo na estrada, tempo de carreira, a música permanece viva se modificando, amadurecendo e te modificando também! Manda ver! Bons sons!
Bom texto, me traz a cabeça toda forma de entendimento que eu tenho ao ouvir sua(s) música: Se entrega, Corisco!; Valeu Kiko.
Olá Kiko,
Gostei muito do seu texto sobre a 'Terra da Guitarra'! Aproveite muito a sua moradia na Califórnia, que certamente será muito boa para a sua carreira!Você está no lugar certo!
bjs,
Adriana Camargo
Olá Kiko,
Gostei muito do seu artigo. Aproveite muito a sua moradia na Califórnia, que pode te abrir novos caminhos na sua carreira! Afinal, você está na terra da guitarra!
bjs,
Adriana
Belas palavras, qual será o próximo passo, fico me perguntando, estudando tantas horas fechado no quarto, sinto falta de pegar a estrada, sem destino certo. Ao mesmo tempo me preocupo com minhas limitações, é difícil saber. Rs rs
É sempre bom ler algo que nos encoraja a enfrentar novos desafios !
Gostei do texto. Poucos sabem procurar na sua essência o real sentido para sua vida, talvez esse seja o grande segredo. Buscar sempre.
Kiko, você é muito bom com as palavras no seu Blog, se valendo de uma intelectualidade agradável, diferente de muitos que fazem a linha "filósofo chato". Sou um antigo fã, e como tal, estive presente em diversos shows do Angra no Rio, inclusive em um dos primeiros shows, senão o primeiro de vocês na cidade, no fatídico dia de 1º de maio de 1994, sim, pois quando vocês subiram no palco já era madrugada. Disse fatídico dia, pois foi apenas algumas horas depois, que morreu o Ayrton Senna. Também fui o fã que enviou o encarte do CD Angel's Cry para o fã-clube, pedindo para que me enviassem de volta depois que todos assinassem com caneta de tinta dourada ou prateada que era para combinar com a cor da arte do CD, e que também enviou uma foto tirada ao lado do André Matos, onde parecia que ele estava só de cueca! Ficou muito engraçada. Agora que me apresentei, aproveitarei para te dizer que meu irmão é um músico conceituado em New York, e pensei que se você talvez fosse por lá, quem sabe não seria interessante um encontro entre vocês?
Confira o trabalho dele:
www.zegrey.com
www.myspace.com/zegreybass
Um abração e tudo de bom.
Jorge Grey
jorge_grey@hotmail.com
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